domingo, 12 de abril de 2015

Semana da arte moderna
    A Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, ocorreu em São Paulo no ano de 1922, entre os dias 11 a 18 de fevereiro, no Teatro Municipal da cidade


Apesar do designativo "semana", o evento ocorreu em três dias. Cada dia da semana trabalhou um aspecto cultural: pintura , escultura, poesia, literatura e música. O evento marcou o início do modernismo no Brasil e tornou-se referência cultural do século XX.
O movimentomodernista surgiu em um contexto repleto de agitações políticas, sociais, econômicas e culturais. Em meio a este redemoinho histórico surgiram as vanguardas artísticas e linguagens liberadas de regras e de disciplinas. A Semana, como toda inovação, não foi bem acolhida pelos tradicionais paulistas, e a crítica não poupou esforços para destruir suas idéias, em plena vigência da República Velha, encabeçada por oligarcas do café e da política conservadora que então dominava o cenário brasileiro. A elite, habituada aos modelos estéticos europeus mais arcaicos, sentiu-se violentada em sua sensibilidade e afrontada em suas preferências artísticas.
A Semana foi apoiada por elementos da elite paulista, que estavam ligados à cultura européia, fato comum na sociedade da América. Porém, algo estava se modificando: tratava-se de usar a cultura do Velho Mundo sem imitações vazias e servis, visando elaborar o que era específico da cultura brasileira, isto é, destruir uma ordem artística decadente e despertar consciências para a realidade brasileira. Redescobrir o Brasil foi a grande meta dos modernistas e, para isto, preocuparam-se em combater as antigas formas do academicismo-sentimentalismo, que dominavam o meio cultural brasileira.
Semana da arte moderna

Conhecida como semana de 22, em São Paulo.

A Semana, realizada entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, foi a explosão de idéias inovadoras que aboliam por completo a perfeição estética tão apreciada no século XIX. Os artistas brasileiros buscavam uma identidade própria e a liberdade de expressão; com este propósito, experimentavam diferentes caminhos sem definir nenhum padrão. Isto chegou a incompreensão e com a completa insatisfação de todos que foram assistir a este novo movimento. Logo na abertura, Manuel Bandeira, ao recitar seu poema Os sapos, foi desaprovado pela platéia através de muitas vaias e gritos. 

Embora tenha sido alvo de muitas críticas, a Semana de Arte Moderna só foi adquirir sua real importância ao inserir suas idéias ao longo do tempo. O movimento modernista continuou a expandir-se por divulgações através da Revista Antropofágica e da Revista Klaxon, e também pelos movimentos: Movimento Pau-Brasil, Grupo da Anta, Verde-Amarelismo e pelo Movimento Antropofágico. 

Todo novo movimento artístico é uma queda de padrões utilizados pelo anterior, isto vale para todas as formas de expressões, sejam elas através da pintura, literatura, escultura, poesia, etc. Ocorre que nem sempre o novo é bem aceito, isto foi bastante evidente no caso do Modernismo, que, a principio, chocou por fugir completamente da estética européia tradicional que influenciava os artistas brasileiros.
Noventa anos depois, a Semana de Arte Moderna continua alimentando debates. No livro-reportagem 1922 – A Semana que não terminou (Companhia das Letras, 376 pgs. R$49), o jornalista Marcos Augusto Gonçalves examina e relativiza mitos e opiniões consolidadas sobre o evento que agitou o Teatro Municipal de São Paulo nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, gerando entusiasmo e furor. Distanciando-se tanto das fantasias triunfalistas sobre uma suposta superioridade paulista na formação da moderna cultura nacional quanto das interpretações que diminuem a importância histórica da Semana, Marcos Augusto se empenha em reconstituir o contexto no qual se movimentaram alguns rapazes modernistas, patrocinados pela elite econômica da emergente Pauliceia. Ao mesmo tempo, derruba a visão simplista de que a arte e a literatura dos anos que antecederam a Semana seriam meramente acadêmicas ou passadistas.


Curiosidades sobre a Semana de Arte Moderna:

- Durante a leitura do poema "Os Sapos", de Manuel Bandeira (leitura feita por Ronald de Carvalho) , o público presente no Teatro Municipal fez coro e atrapalhou a leitura, mostrando desta forma a desaprovação.

- No dia 17 de fevereiro, Villa-Lobos fez uma apresentação musical. Entrou no palco calçando num pé um sapato e em outro um chinelo. O público vaiou, pois considerou a atitude futurista e desrespeitosa. Depois, foi esclarecido que Villa-Lobos entrou desta forma, pois estava com um calo no pé.
 
 

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